Se eu fosse poeta, saberia escrever palavras bonitas para vos falar do Porto, esta cidade bordada a granito com o Douro, a banhar-lhe os pés. A cidade onde nasci!
Se eu fosse poeta, saberia como vos falar desta cidade com jardins de plátanos, do cheiro das flores do mercado do Bolhão, das cores do pôr-do-sol na Foz e da neblina vinda do rio, que nos abraça logo pela manhã. ao som das gaivotas.
Se eu fosse poeta, encontraria as palavras certas para vos descrever o mar da Sophia, para vos falar dos Amantes Sem Dinheiro do Eugénio, para vos contar a história do amor proibido do Camilo e da Ana Plácido.
Se eu fosse poeta, falar-vos-ia, com o meu sotaque garrido, da Ribeira Negra do Mestre Resende, das histórias e memórias das gentes mareantes e das tertúlias nos cafés dourados da minha cidade.
Se eu fosse poeta, falar-vos-ia duma paixão que se renova diariamente junto à janela com vista para o rio, desta minha eterna relação de amor com o meu Porto. A minha cidade!
(Aiméon, Janeiro de 2006)
